quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Quem fica.




Felicidade flui. Sentimento corre. Inspira e sente o ar preenchendo os pulmões. Percebe o coração batendo, bombeando líquido vital para cada pequena parte do seu corpo. Sol dourando a pele, esquentando a temperatura interna, aumentando as vibrações boas que passam livremente dentro de si. Água salgada em larga oferta convidando para um mergulho revitalizante. Assim segue. Assim passam os dias, assim sente e celebra a vida.

Se enche de bons sentimentos. Vez em quando acha que não vai caber. Transborda, explode. Compartilha sorrisos. Compartilha abraços. Compartilha palavras de carinho e quem sabe até beijos na nuca inspirando vida. Segue espalhando amor, semeando alegria, buscando ainda mais autoconhecimento. 

Foi-se o tempo em que tentava resistir. Passou, não mais. Agora a vida chama e ela vai. Não passa mais um dia sem respeitar suas próprias vontades. Cansou de quem não tá pronto pra vida. Cansou da superficialidade das relações. Agora trabalha apenas com conexões. Mentes que se entendem, olhares que se revelam, mãos que ajudam a segurar o mundo e a loucura que é estar aqui e viver tudo isso tendo que fingir lucidez. 


Vai, se entrega. Vai, sem medo. Vai e vai e vai e vai. Nessa vida de gente que chega e vai, transformou-se em nômade. Agora sempre vai, se quer mesmo ir. Mas sabe, no fundo, que de tudo isso, de tudo o que vai, de toda a impermanência, de toda a inconstância, quem sempre fica é ela. Sua pureza se preserva ainda que o mundo tente sujá-la com suas pressas e hipocrisias. Em meio a mentiras sinceras ou não, ela tem uma certeza: mesmo indo, suas verdades e princípios ficam. 

domingo, 25 de janeiro de 2015

Sem escape.

Vazio. Peito vazio. Eco e vastidão interna. Cabeça cheia, pensamento à mil. Por que tanto e sempre? Por que mais e outra vez? 

Setimento de impotência, de incapacidade. Desolada. Sem alento. Solidão impeirante. Parece que roubaram um filho seu. Parece que roubaram sua alma, seus sonhos, seus contatos e amigos. 

Sente frio, tristeza, solidão. Se sente sozinha, no meio de um nada, no meio de um caos, de uma guerra. Sem uma mão pra segurar, sem uma muleta que possa auxiliar seu caminhar. 

Ela que mal aprendeu a andar, tem que seguir sozinha um caminho que já não sabe nem mais qual é. 

Não existe caminho. Não existe escape. Não há saída. A única coisa que resta é enfrentar o monstro, o gigante e imponente que é sua mente. Seu carrasco mora dentro de si. Seus inimigos são seu pensar incessante e seu sentir tão intenso. O vilão de sua vida é sua mente, é ela mesma, é o superego e suas exigências.  

Não resta mais nada. Não há cura. Não há solução. É difícil salvar-se e voltar a superfície quando já se afundou tanto.  

É impossível a redenção quando o único herói, a única chance se ser salva é também o que a leva tão fundo: sua mente. Não há como cavar depois que já se está soterrado, debaixo do chão.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

Serei sua pessoa amada por três dias.





Serei sua pessoa amada por três dias. Por três dias te dedicarei meus beijos, minhas carícias, minha alma. Por três dias te darei a mão, te darei abraços, te farei carinhos intermináveis na nuca. Por três dias passearemos por aí, sem rumo ou destino certo. Por três dias iremos à praia, ao cinema, ao bar ou apenas nos esconderemos do mundo e de todos debaixo de cobertas macias. Por três dias esqueceremos os problemas, esqueceremos as mágoas, esqueceremos o passado que vez em quando ainda machuca. Por três dias seremos pura sinceridade, olhos nos olhos, sorrisos que escapam sem mais nem porquê. Por três dias seremos amor, ainda que seja impossível o amor em tão pouco tempo. Por três dias seremos intensos, não pensaremos no amanhã e viveremos o hoje de forma tão plena que nossos peitos cansados ficarão como novos. Por três dias descobriremos sensações, compartilharemos segredos e iremos rir da banalidade do mundo e da superficialidade das relações. Por três dias seremos inteiros um com o outro, seremos unha e carne, feijão com arroz. Por três dias douraremos no sol, desbravaremos o mar e adormeceremos sob a luz da lua e das estrelas. Por três dias seremos todos os clichês que estamos cansados de ver em enredos baratos de novelas que só querem mais um ponto na audiência. Por três dias seremos só nós dois, sem nos importarmos com o resto do mundo. Por três dias seremos não um casal, mas cúmplices de um sentimento que só nós conheceremos. Por três dias iremos amar, sorrir, brincar, beijar beijos que não cansam, dar mãos que não querem soltar, caminhar lado a lado com passos calmos, sem a menor pressa de chegar.

Passados três dias, seguiremos nossas vidas. Cada um de volta ao seu mundo, às suas obrigações, aos seus amigos. Passados três dias ficarão apenas lembranças, memórias que não se apagarão, sorrisos espontâneos ao lembrar de momentos sublimes vividos lado a lado. Passados três dias, a realidade voltará acabando com o sonho, trazendo de volta o mundo.

Sou sua pessoa amada por três dias. Depois disso, continuo sendo puro amor, mas dessa vez sem mais ser sua.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Amor como se não houvesse amanhã.




Foi num sábado. Estava radiante! De férias forçadas (preferiu ver o desemprego como uma oportunidade de curtir um pouco o sol, a praia, o mar), estava feliz e satisfeita com a vida. Sem inquietações, coração limpo, mente aberta, corpo vibrando em energia.

Encontrou os amigos, o que seria da vida sem eles? Conversaram, riram, beberam, o de praxe, como sempre faziam. Celebravam um aniversário, mas pra esse pessoal, qualquer coisa é um grande e excelente motivo pra celebrar. A vida é na verdade uma grande celebração. Uma eterna alternância entre conquistas e decepções. A cada nova etapa, nada mais justo que comemorar.

Do churrasco, emendaram na boate. Ela estava linda, radiante! Há tempos não curtia tanto assim. Despreocupada como vez em nunca e despretensiosa como sempre. A vodca já fazia efeito. Dançava livre. Livre de ritmos, imposições, julgamentos. Dançava ao seu modo, leve e até desengonçado, mas digno de admiração. Nem aí para o mundo, conectou-se a si e consigo dançou incansavelmente.

Foi um daqueles momentos intensos, que nesse mundo de modernidades e pressas, assustam os que tão acostumados à superficialidade e segurança do sentir. Mas ela é assim. Cansou dos jogos, das hipocrisias, da falta de amor. Ela é toda amor. E não está nem aí pra quem não for.

Nessa noite, amou a si, do jeito que a música fala: "como se não houvesse amanhã". Desde então tem cultivado o sentimento. A cada manhã que chega, ama a si, de um jeito tão rico e intenso, que às vezes parece que não vai caber, até que vem o dia seguinte.

De amor, de dias seguintes e de amanhãs que chegam, vem levando a vida. Diz-se por aí que nunca foi vista com sorriso tão bonito e sincero.