domingo, 11 de setembro de 2011

Amanhã incerto.


Mais um domingo com a cara e a melancolia típica de domingos vai chegando ao fim. Dia frio, vazio e entediante. E é justamente em dias como o de hoje que o pensamento voa longe.
Paro, penso, percebo, reparo, repenso. Tudo. Tudo o que já vivi até aqui. Medos, cicatrizes, erros, acertos, choros, alegrias, tristezas, encontros e desencontros. E mais tudo. Tudo o que ainda me espera.
Vivo de incertezas e dúvidas. Vivo de medos e aflições. O que será de mim amanhã? Ao contrário da grande maioria que planeja um futuro brilhante, que se vê protagonizando histórias típicas de Hollywood, vejo apenas um borrão à minha frente. Nada glamouroso me espera. Nenhuma capa de revista, nenhuma notinha no canto do jornal, nenhuma referência. Sozinha e triste e sem saber o que fazer.
Desde pequena eu nunca soube o que fazer. Já quis de tudo e constantemente não quero mesmo é nada. Só fico por aí, à margem de tudo e todos. Observo a vida de fora. Não participo. Acompanho de perto e me orgulho de carreiras promissoras. Mas não consigo me ver com uma. Mudar outra vez já não é mais uma opção. Até porque, acho que sim, de fato, estou no lugar certo. Como se algum dia vá existir um lugar certo para mim. Mas talvez esse seja o que mais se aproxima do que seria 'o meu lugar certo'.
Mas e amanhã? Nada me interessa. Sou ignorante. Vivo de ignorar o mundo e as opções. Não quero saber de política. Não venha me perguntar o que acho de tal sistema econômico. Não saberei responder. Não tenho a mínima noção a respeito de economia. Tampouco poderia opinar sobre cultura e educação. Por falar nisso, nem pense em conversar sobre esportes comigo. Ou sobre celebridades. Nem mesmo sobre a banda do momento. Desconheço tais assuntos. Tudo é chato. Tudo é entediante. Tudo irrita. Principalmente os pseudo-intelectuais-cults-sabemos-tudo-sobre-todos-os-assuntos. Mas, se quiser, me procure para falar sobre sentimentos, medos, aflições ou mesmo sobre conquistas e felicidades. Aí sim, terei o maior prazer em ficar horas e mais horas batendo papo. Mas nesse corre-corre de hoje em dia, quem é que tem tempo pra essas baboseiras? Quem se interessa? Ninguém é a resposta. Guarde seus sentimentos no fundo de um cofre bem seguro pra que não corra o risco de eles acabarem se manifestando.
E chega de devaneios. Quer saber? Um dia de cada vez. Devia existir uma espécie de Alcoólicos Anônimos para pessoas como eu. Que têm medo da vida, que não aprenderam a viver. Que vivem de quereres e que mudam de ideia a cada segundo. Seria bom, um dia, ir a uma das reuniões e poder falar: "Só por hoje eu não temi o amanhã."