Eu queria ser trapezista. Me lançar ao léu, sem medo, com riscos controlados, com a certeza de que de uma forma ou de outra tudo dará certo.
Eu queria cuspir fogo. Lançar para fora de mim, sem volta, todos os medos, incertezas, arrependimentos e inseguranças.
Eu queria ser contorcionista. Dar um nó em todo o meu corpo, mas com a certeza de que a cabeça e o coração estariam livres de qualquer amarra.
Eu queria ser mágica. Fazer desaparecerem problemas, dúvidas e inquietações. Fazer aparecerem bons sentimentos. Transformar tristeza em felicidade, escassez em fartura, choro em sorriso.
Eu queria ser equilibrista, andar na corda bamba. Pender para um lado, pender para o outro, mas sempre conseguir voltar ao equilíbrio, lembrar que o meu próprio centro deve ser o centro do meu universo.
Eu queria ser palhaça. Errar, errar, errar de novo e fazer do erro minha morada. Saber rir de mim mesma, fazer piada dos fracassos e nunca, nunca desistir de tentar.
Eu queria fazer trampolim acrobático. Ter a cabeça nos céus, ir até quase o infinito, mas também voltar e botar os pés no chão.
Enfim, eu queria ser um grande circo. Ter uma vida itinerante, viajar para os mais diversos lugares, conhecer pessoas a cada novo espetáculo, emocionar o público, entreter, alegrar. Viver da magia, da ludicidade, dos encantamentos. E ainda, com tudo isso, ter uma imensa família que age junto, se completa e vai comigo aonde eu for.