quinta-feira, 22 de novembro de 2012

A tal coisa dos best sellers.



Quem a vê passando nem imagina. Ela sempre carrega um sorriso estampado no rosto, um ar de calmaria e um olhar instigante. Quem bate um papo leve com ela pode jurar que ela é super feliz e bem resolvida. Quem a vê nas noites chega a ter inveja do tanto que ela parece se divertir. Dança, canta, bebe e fala com todos como se coisas melhores não houvessem no mundo.
Mas se alguém fosse capaz de perfurar todas as suas armaduras e escudos que usa para repelir o mundo a fim de evitar mais dores e decepções pra sua coleção que lota as prateleiras de seu quarto, veria que a realidade é bem diferente. Ela tenta passar a imagem de mulher, de adulta, mas não passa de uma menininha indefesa, com medo da vida, dos monstros que podem invadir seu quarto e aterrorizá-la.
Ela é frágil, sentimental, impulsiva, inquieta e completamente indecisa. Por trás de toda a aparente autoconfiança, existe uma menina que luta consigo mesma e com as mil e uma que pode ser ao mesmo tempo pra tentar achar e descobrir como que se faz pra ter aquela coisa que os best sellers de auto-ajuda vivem dizendo ser essencial para o sucesso. Como é mesmo o nome?? Ah, amor próprio. Se questiona até não aguentar mais. Não conhece nem o amor, que dirá o amor próprio. Amor de mãe vale? É o único que ela acredita ter alguma noção do que seja, depois de já ter se enganado tanto achando que uns frios na barriga e umas palpitações mais fortes pudessem ser de fato esse tal de amor.
No fundo, nem ela conhece a si mesma. Tem tentado aprender como se vive e se relaciona. Cada dia vivido é considerado uma aula, uma oportunidade de descobrir novas coisas, caminhos, sensações e sentimentos. Eterna aprendiz da vida, eterna questionadora do mundo, eterna idealista de utopias inalcançáveis. Vive com a cabeça nos ares. Se reparar bem, dá pra ver que na verdade ela está fora desse mundo. Seu universo à parte é mais interessante. Mas ninguém tem tempo para um olhar mais detalhado. Ninguém desconfia. É seu segredo. Só pode conhecer seu mundo quem se mostrar digno de seu convite.
O que acontece é que esse tal de amor-próprio tá tão na moda, que as pessoas esqueceram de olhar de verdade umas pras outras e só conseguem enxergar a si mesmas. Desse jeito, seu segredo ficará pra sempre conservado, uma vez que um olhar atento, um carinho mais longo e um afeto real são coisas cada vez mais raras de se encontrar.

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